Em 1966 Júlio Posenato, vindo de Veranópolis, RS, chegou em Porto Alegre para concluir seus estudos de segundo grau. Já focado em arquitetura, chamaram sua atenção, ao longo da BR 116, em Canoas, bairros inteiros constituídos por casas de madeira. Percebeu que essa tipologia resolvia o problema da habitação popular naquele momento, com dignidade. Em uma travessia sobre a ponte do Rio Guaíba, Júlio observou a precariedade das palafitas nas ilhas.
As casas de madeira permanecem em grande número em muitos Estados do Brasil, e continuam a ser construídas
Nos primeiros dias de aula na Faculdade de Arquitetura, um professor comentou que o arquiteto mais notório do Brasil (Oscar Niemeyer), que preconizava a “revolução socialista”, somente atendia clientes da elite econômica, e jamais tinha dedicado qualquer atenção à moradia dos humildes. Lembrando-se das casas de madeira de Canoas e das palafitas das ilhas do Rio Guaíba, Júlio propôs-se a dar sua contribuição para resolver esse problema.
No ano de 1970 um professor, pioneiro da pré-fabricação no Rio Grande do Sul (Eng. Civil Luiz Frederico Mentz), comentou, em aula, que o automóvel somente se tornou acessível à classe média quando Henry Ford criou a produção em série, e que, da mesma forma, o problema habitacional brasileiro só poderia ser revolvido através da industrialização da construção. Nesse mesmo ano, nas aulas de outro professor (Eng. Civil Amadeu da Rocha Freitas), Júlio tomou conhecimento de técnicas de conforto ambiental, especialmente a insolação e a ventilação natural.
A partir de então, Júlio começou a pesquisar um sistema de pré-fabricação que, ao mesmo tempo, proporcionasse segurança, conforto e preço reduzido. Foram mais de quatro décadas de trabalho, até ser protocolado o pedido de patente, em setembro de 2012, que foi concedida, como Patente Verde, em 2016. Mas os aperfeiçoamentos continuam.